Os agentes de IA são o próximo salto evolutivo da automação, passando de simples chatbots passivos para entidades capazes de executar tarefas complexas, tomar decisões e operar sistemas de forma autônoma. Essa “autonomia” traz desafios que exigem um planejamento detalhado.

Segurança

Diferente de modelos estáticos, que geram texto ou imagem, os agentes interagem com ferramentas, como bancos de dados, e-mails e sistemas de arquivos, o que amplia o risco e torna a segurança uma prioridade inegociável. A maior preocupação reside na proteção contra manipulações externas, como a prompt injection, um tipo de ataque em que os usuários inserem comandos para realizar tarefas não autorizadas.

Como esses sistemas possuem permissões para executar ferramentas externas, garantir que operem dentro de limites rígidos é vital. Isso exige a implementação de camadas de verificação onde o agente, antes de executar uma ação crítica (como uma transação financeira ou exclusão de dados), precise validar a solicitação através de protocolos de segurança, impedindo que sua autonomia seja explorada por atacantes.

Privacidade

A privacidade torna-se igualmente complexa, pois agentes eficientes precisam de memória e contexto e, muitas vezes, lidam com dados sensíveis de usuários ou segredos industriais. É fundamental garantir que essas informações não vazem para o treinamento de modelos públicos ou sejam expostas inadvertidamente durante interações com APIs de terceiros. Técnicas como a anonimização de dados e o isolamento de ambientes de execução ajudam a manter o sigilo das informações corporativas ou pessoais.

Governança

Por fim, a governança é a estrutura que une esses elementos, definindo a responsabilidade e a ética do sistema. Ela estabelece quem responde pelas ações do agente e garante transparência sobre como as decisões são tomadas. A prática de manter um “humano no ciclo” (human-in-the-loop) para aprovar ações de alto risco, junto a criação de registros de auditoria detalhados (logs), é o que permite rastrear o raciocínio da IA.

Somente através dessa tríade, segurança técnica, privacidade de dados e governança ética, é possível construir um ecossistema inovador e íntegro.

Você sabia?
Para 82% dos executivos, há grande incerteza sobre como avaliar, gerenciar e governar agentes com segurança, confiabilidade e governança adequada.

O relatório “AI Agents in Action: Foundations for Evaluation and Governance”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), em parceria com especialistas da área de tecnologia, em 2025, apresenta o que é um agente, oferece uma classificação possível para eles, de acordo com o papel que cada um desempenha, e, por fim, sugere uma abordagem de governança que conecta validação e medidas de segurança para mitigar riscos e garantir a adoção responsável e segura dessa tecnologia em organizações públicas e privadas.

 

Autora

Nathally Souza é travesti, desenvolvedora, jornalista e entusiasta do uso de tecnologias para resolver problemas reais. Acredita nas tecnologias como ferramentas de transformação social do mundo onde vivemos e um caminho para ajudar a reduzir as desigualdades da nossa sociedade, além de apoiar o uso de boas práticas na vivência das pessoas desenvolvedoras.

Revisora

Jayne L. Oliveira é jornalista e produtora editorial.