Entenda quais as responsabilidades, as possibilidades de transição de carreira, as habilidades e as diferenças na gestão técnica ou de pessoas que envolvem o que é ser tech lead

O mercado de tecnologia está em constante mutação. Assim como surgem muitas linguagens de programação e frameworks novos, também surgem posições, cargos e papéis. 

 

Veja, por exemplo, essa coleção de nomenclaturas abaixo que estamos observando nos últimos anos. A dúvida que geralmente fica é: o que é essa vaga? O que devo ser? O que devo fazer? Preciso ter algum desses cargos para crescer?

 

nuvem de palavras com as seguintes palavras: staff software engineer, vp of engineering, head of software, cto, tech lead, engineering lead, software engineering, specialist developer, distinguished engineer

imagem 00. nuvem de palavras com as seguintes palavras: staff software engineer, vp of engineering, head of software, cto, tech lead, engineering lead, software engineering, specialist developer, distinguished engineer

 

Infelizmente, por muito tempo, houve uma verdade não dita — e algumas vezes até dita — na tecnologia de que, para crescer na carreira, a pessoa que estava se destacando tecnicamente precisava ir para liderança. 

 

Como consequência, essa época gerou pessoas gestoras infelizes que não cuidavam da parte de liderança de pessoas. Então, ao invés de termos aquela profissional continuando a se destacar, essa pessoa se desmotivava e isso impactava negativamente os outros membros daquele time. Logo, todo mundo saia perdendo. 

 

As empresas, entendendo os impactos disso, começaram a dividir o que era liderança técnica e o que era gestão de pessoas, deixando mais claro esses possíveis caminhos e criando uma divisão chamada Carreira em Y

 

Atualmente, muitas empresas têm usado essa divisão de carreira para encaixar as pessoas em posições nas quais elas realmente vão estar atuando com alta performance e motivadas. Entretanto, cada empresa usa níveis e nomenclaturas diferentes. Algumas mudam apenas título e responsabilidade (papel/posição) e outras mudam também o salário (cargo). 

 

A seguir, exploro alguns assuntos relacionados à carreira em Y — como o seu conceito, os pilares das lideranças e as posições em cada empresa. Ao final, também dou dicas de como aproveitar esta sprint Tech Leads da PrograMaria, que está apenas começando. 

 

  • Carreira em Y

 

A carreira em Y consiste em passar pelos primeiros níveis básicos de um cargo até atingir um ponto em que decide se quer seguir por duas trilhas diferentes: cargos gerenciais ou cargos de especialistas. Geralmente, essa é uma decisão tomada em conjunto entre a pessoa liderada e a pessoa gestora.

 

caixas em formato de Y com caminho esquerdo para níveis progressivos para gestão começando por 1 e níveis progressivos para senior no caminho e perna direita

imagem 01. caixas em formato de Y com caminho esquerdo para níveis progressivos para gestão começando por 1 e níveis progressivos para senior no caminho e perna direita

 

É importante dizer que escolher um desses caminhos não dita o seu futuro inteiro, ou seja, você não é obrigade a permanecer somente em um dos lados. Ambos os caminhos continuam em uma crescente, seguindo os mesmos níveis de responsabilidades — o que possibilita que, independentemente do seu nível, você realize uma transição lateral, caso queira. 

 

Para exemplificar, vamos supor que uma pessoa se chama Liz e ela começou uma carreira de desenvolvimento no nível de entrada Dev 1.  Nessa posição, ela continuou aprendendo,  ganhou maturidade e começou a fazer entregas de forma muito consistente e autônoma — o que a fez subir para o nível Dev 2. 

 

Depois disso, Liz passou a exercitar outras habilidades, como ajudar no desenvolvimento de backlog, roadmap e processos do time, e a se preocupar com as pessoas e passar feedbacks ativamente. 

 

Nesse ponto, a pessoa gestora expôs a possibilidade de Liz trilhar o caminho voltado para a gestão. Ela topou e continuou a crescer na carreira — até o momento em que ela sentiu que gostaria de estar atuando em um caminho mais técnico. Aí ela fez uma transição para o caminho de especialista. 

 

No diagrama abaixo, vemos como foi a trajetória da carreira de Liz: 

 

o mesmo fluxo anterior em formato de Y, onde as caixas de dev 1, dev 2 estão pintadas depois gestão 1, gestão 2 e uma seta para senior 2 e depois senior 3

imagem 02. o mesmo fluxo anterior em formato de Y, onde as caixas de dev 1, dev 2 estão pintadas depois gestão 1, gestão 2 e uma seta para senior 2 e depois senior 3

 

Entender essas diferentes possibilidades é também entender os papéis que exercemos em cada um desses lados. Como eu disse anteriormente, as responsabilidades variam muito de empresa a empresa. Em algumas, Tech Lead é quem faz a gestão de pessoas (ou seja, que trilha o caminho esquerdo do diagrama anterior); em outras, tech lead é só a pessoa especialista principal responsável por liderar tecnicamente um time. 

 

Por isso, é importante entender os papéis dos dois lados. Assim, passaremos por uma visão de pilares para ajudar a entender um pouco mais cada um desses caminhos de forma genérica.

 

  • Pilares das Lideranças

 

Existem quatro pilares que podemos perceber na liderança, independentemente de ser técnica (especialista) ou de pessoas (gestão). Eles são aplicados de formas e níveis de foco diferentes para cada um dos dois caminhos. 

 

Processo do time:

  • Especialista: Ajuda a deixar o time mais produtivo pensando na excelência técnica e como encaixar isso nos processos 
  • Gestão: Responsável por aumentar a eficiência das entregas e moral através dos seus processos

 

Liderança Técnica:

  • ⚡Especialista: Responsável por guiar as decisões técnicas, aumentar a qualidade técnica das entregas puxando ativamente 
  • Gestão: Ajudar a estabelecer os processos e decisões técnicas fazendo as perguntas certas e ajudando no desenvolvimento das pessoas

 

Integração com negócio:

  • Especialista: Responsável por pensar na viabilidade técnica e ajudar no equilibrio das entregas
  • Gestão: Visão estratégica de impactos das entregas do time e priorização

 

Gestão de pessoas:

  • Especialista: Ajuda a pessoa gestora na avaliação e mentoria técnica das pessoas desenvolvedoras do time
  • ⚡Gestão: Reconhecer a performance e atuação das pessoas e ajudar no crescimento de cada pessoa. Geralmente quem decide se demite ou se promove. 

 

quadrados que representam visualmente os mesmos textos descritos no texto anterior dividindo os pilares por gestão de pessoas e especialista.

imagem 03. quadrados que representam visualmente os mesmos textos descritos no texto anterior dividindo os pilares por gestão de pessoas e especialista.

 

Relembrando que esses são alguns exemplos de divisão de responsabilidades e que não é uma verdade para todas as empresas. Para entender quais serão as suas responsabilidades no cargo que você está ou entrará, você precisa identificar como isso funciona na companhia em que atua ou que pretende atuar.

 

  • Identificando as posições em cada empresa

 

Geralmente, as empresas têm uma career ladder — que, em português, pode ser conhecido como escada de carreiras, matriz de habilidades, documento de níveis etc. Nele, estão explicados os níveis, as nomenclaturas, as responsabilidades e as habilidades necessárias para cada cargo. 

 

Para entender como funciona cada posição dentro de uma empresa, separei aqui algumas perguntas que podem ajudar nessa identificação:

 

Processo do time:

  • Existe alguma posição que olha somente para processos? 
  • Qual a minha responsabilidade com os processos do time?
  • Existe autonomia na definição dos processos ágeis dos times?

 

Liderança Técnica:

  • Quem decide stack e arquitetura da solução?
  • Qual seria minha responsabilidade na parte técnica do time?
  • É necessário se desenvolver nessa posição ou “só” direcionamento?

 

Integração com negócio:

  • Quem define o backlog e a priorização?
  • Qual é a minha responsabilidade e autonomia na definição em o que o time trabalhará?

 

Gestão de pessoas:

  • Eu sou a pessoa que decide se vamos promover ou desligar alguém?
  • Eu vou fazer gestão de carreira e mentorar tecnicamente?

 

  • Caminhando pela sprint

 

Agora que entendemos as diferentes possibilidades e papéis que podem existir, podemos entender como esta sprint Tech Leads da PrograMaria te ajudará nessa jornada.

A ideia é te apoiar para que possa entender e mergulhar em alguns aspectos da liderança, seja técnica ou de pessoas. 

 

Confira abaixo o foco de cada um dos cinco módulos que compõem a sprint e dicas de como aproveitá-los ao máximo!

 

Módulo 01. Introdução à Liderança Técnica e Carreira em Y

Aproveite esse módulo para ouvir algumas pessoas referências na área e suas histórias, tire muitos aprendizados e inspire-se nessas potências, que ilustram a importância da representatividade.  

 

Módulo 02. Liderança Técnica: como liderar decisões técnicas nos times? 

Aproveite para ler e assistir as especialistas compartilhando aprendizados e experiências de como exercer uma posição de liderança focada na parte técnica. 

 

Módulo 03. Liderança do time: habilidades para exercer uma liderança formal ou informal 

Este, com certeza, deveria se chamar módulo coringa. É um momento especial síncrono e assíncrono em que você poderá entender mais sobre os pilares de processo do time e integração com a área de negócio. 

 

Módulo 04. Da liderança técnica à gestão de pessoas

Algumas pessoas ficam com um frio na barriga quando pensam em como liderar pessoas e ajudá-las em suas carreiras. Bom, existem vários tópicos dentro desse escopo que você irá explorar com grandes nomes de pessoas gestoras. 

 

Módulo 05. Apoiando seus próximos passos na liderança

Com todos os pilares explicados e com toda visão de aplicação, chega o momento de olhar para si mesma. Qual seu próximo passo? O que te faz brilhar os olhos? Algumas pessoas maravilhosas vão te ajudar a pensar em como você pode seguir adiante crescendo e se sentindo bem com os caminhos escolhidos. 

 

Aproveite e tenha uma boa sprint!

 

CRÉDITOS

 

Autora

Pamela Peixinho atua como gerente de engenharia na Inventa e enfrenta, atualmente, o desafio de atuar na gestão de gestores, equilibrando com processos da tribo, visão estratégica, formação de times e liderança técnica. É fascinada em como boas ideias desenvolvidas por uma equipe diversa de alta moral com qualidade técnica podem ter tanto impacto. Gosta muito de falar sobre gestão e diversidade, participa ativamente na evolução contínua da inclusão na engenharia e está focada agora na representatividade em posições de gestão (em todos os níveis).

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Revisora

Stephanie Kim Abe é jornalista, formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Trabalha na área de Educação e no terceiro setor. Esteve nos primórdios da Programaria, mas testou as águas da programação e achou que não era a sua praia. Mas isso foi antes do curso Eu Programo

 

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Este conteúdo faz parte da PrograMaria Sprint Tech Leads.

 

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