Comunicação, storytelling, negociação e curiosidade são algumas das habilidades sociais (soft skills) que podem te tornar uma profissional de destaque; saiba mais como desenvolvê-las

 

Quando falamos sobre carreiras na área de dados, tais como engenharia, analista e cientista, automaticamente vêm à nossa cabeça várias linguagens de programação, construção de visualizações gráficas e até mesmo construção de modelos de Aprendizado de Máquina (machine learning). E, se procurarmos na internet sobre as habilidades (skills) necessárias para cada uma dessas profissões, encontraremos uma lista enorme de habilidades técnicas, ou hard-skills.

Mas o trabalho dessas profissionais vai além da habilidade técnica. Existe um segredo que faz com que algumas delas ganhem destaque – e é sobre isso que vou explicar mais neste texto.

 

Meu divisor de águas

Sou cientista de dados há dois anos na IBM e meu objetivo é, através da consultoria, ajudar as empresas a mitigar seus impactos no meio ambiente e em comunidades locais. Então, grande parte do meu dia a dia é muito focado em explorar os dados, adquirir insights e repassar essas informações para o meu cliente. 

Entretanto, no início da minha carreira, eu tinha muito receio de apresentar esses insights para a clientela. Durante as reuniões, eu sentia que não estava sendo assertiva e que minhas apresentações estavam bem confusas. No final, o pessoal me olhava com cara de “ué?”.

Então, comecei a procurar mais sobre storytelling (contação de histórias, em português) e comunicação assertiva para cientistas de dados. Nessa busca, encontrei o livro Storytelling com dados, da Cole Nussbaumer, que me ajudou muito nesse processo. E percebi que nós precisamos tomar muito cuidado com a forma como e com o que passamos para as pessoas, pois podemos influenciar as tomadas de decisões de uma empresa. 

Com isso, comecei a aplicar essas técnicas nas minhas apresentações. Por exemplo:

– deixando as cores dos gráficos mais acessíveis para pessoas daltônicas;
– explicitando pontos que eu queria destacar nos gráficos;
– evidenciando a minha linha de raciocínio e as perguntas que ia gerando ao longo das análises, etc.

Esses ajustes geraram muitos elogios entre as empresas clientes e elas passaram a entender com mais assertividade as minhas ideias – e eu, a contribuir mais com a expertise do negócio delas. 

Foi nesse ponto que eu percebi que, mesmo eu sendo boa tecnicamente (ou seja, possuindo hard skill), precisava ter outras habilidades importantes para a área de dados e para muitos times de tecnologia: as chamadas soft skills.

 

O que são soft skills e qual sua importância no universo dos dados

Soft skills, diferentemente da hard skills, são habilidades comportamentais. Por conta disso, elas acabam sendo mais difíceis de aprender e medir (por exemplo: como saber se meu nível em comunicação é básico ou intermediário?), e muitas pessoas acabam deixando-as para trás e não as desenvolvendo tão bem quanto as habilidades técnicas.

Em 2017, o Google conduziu um estudo para identificar quais foram os times mais produtivos e inovadores na empresa. Descobriu que os melhores grupos nem sempre eram os que possuíam os melhores talentos técnicos, mas sim as equipes interdisciplinares que tinham profissionais que demonstravam boa comunicação, insights sobre os outros e liderança empática. Inesperado, não? Em 2019, a pesquisa Global Trends Report do LinkedIn apontou que 92% da gestão de Recrutamento e Seleção acham que as soft skills são igualmente importantes, senão mais importantes, que as hard skills.

“Tá, mas qual a relação com a área de dados?”, você me perguntaria. De acordo com uma pesquisa realizada pela Forbes em 2018, são criados mais de 2,5 quintilhões de bytes de dados por dia. E muitos desses dados são armazenados pelas empresas através das nossas interações nos aplicativos, sites, postagens, etc.. Muita coisa né!?

Entretanto, os dados por si só não geram valor para as empresas, mas se aplicarmos técnicas e tratamentos corretos podemos oferecer ideias ricas que podem ajudar as tomadas de decisão a partir deles. E é aí que entra o papel de profissionais da área de dados para transformar dados brutos em insights e conhecimento. 

Mas, para criar esse valor e encontrar soluções que sanem o problema, precisamos, além da habilidade técnica, das habilidades comportamentais que nos ajudam a entender verdadeiramente o problema, repassar as ideias que adquirimos dos dados e recomendar futuras ações para as empresas.

 

As soft skills e as carreiras de dados

Abaixo, listo algumas das soft skills importantes para as três principais carreiras da área de dados: engenharia de dados, análise de dados e ciência de dados.

Carreira Descrição Principais soft skills
Engenharia de dados Prepara os dados para usos analíticos ou operacionais. São profissionais de software normalmente responsáveis ​​por construir pipelines de dados para reunir informações de diferentes sistemas de origem. Pensamento crítico

Colaboração

Comunicação verbal e escrita

Empatia

Trabalho em equipe

Adaptabilidade

Análise de dados Coleta os dados e cria relatórios de BI ou análises para uso interno e/ou de clientes, buscando responder alguma pergunta ou resolver um problema de negócio. Resolução de problemas

Curiosidade

Storytelling

Apresentação

Trabalho em equipe

Atenção aos detalhes

Análise 

Ciência de dados Especialista analítica que utiliza suas habilidades em tecnologia e ciências sociais para encontrar tendências e gerenciar dados. Negociação

Comunicação

Conhecimento de negócio

Empatia

Apresentação

Trabalho em equipe

Adaptabilidade

 

Melhorando as suas soft skills

Agora que já temos uma visão mais clara da importância das soft skills e quais desenvolver para cada carreira, vou deixar algumas dicas de como podemos melhorá-las ao longo da nossa jornada:

  1. Peça feedbacks de colegas de trabalho, colegas de sala, amigos etc. Com essas opiniões, você conseguirá identificar os pontos de melhoria.
  2. Pratique com amigues. Você vai fazer uma apresentação super importante no trabalho, precisa conversar com clientes ou negociar com o seu chefe? Treine com uma pessoa de confiança as suas falas, mostre o material que você montou e pergunte o que ela achou e se faz sentido.
  3. Faça um curso online. Muitas soft skills podem ser mais desenvolvidas através de cursos, como comunicação assertiva, negociação, técnicas de entrevista, como fazer networking e muito mais.

As habilidades técnicas são muito importantes na área de dados, mas elas não são as únicas habilidades necessárias para ter sucesso. Como a inteligência artificial (IA) lida com problemas com os quais as pessoas lutam no mundo real, várias habilidades sociais (soft skills) também são essenciais para nos ajudar a obter novas ideias, insights e maneiras de pensar.

 

Referências:

 

CRÉDITOS

Autora

Laura Damaceno de Almeida é graduada em ciência da computação e cientista de dados na IBM. É co-fundadora da AI Girls, que busca levar o protagonismo feminino nas áreas de IA e ciência de dados, e participante ativa nas comunidades de tecnologia, além de palestrante e criadora de conteúdo nas horas vagas. Na IBM, é também Digital Influencer, buscando disseminar a marca da empresa para seus seguidores e conectá-los com as oportunidades da empresa. É apreciadora de memes e apaixonada pelo universo de Game of thrones.

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Revisora

Stephanie Kim Abe é jornalista, formada pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Trabalha na área de Educação e no terceiro setor. Esteve nos primórdios da Programaria, mas testou as águas da programação e achou que não era a sua praia. Mas isso foi antes do curso Eu Programo

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Este conteúdo faz parte da PrograMaria Sprint Área de dados.

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