Habilidades como criatividade, empatia e colaboração são apontadas como tendências no mundo do trabalho, que também deve valorizar cada vez mais a diversidade nas equipes

Aline Naoe

Em 2017, diversos veículos ligados à área de tecnologia e saúde noticiaram um relógio criado pela Microsoft capaz de reduzir os tremores causados pelo Parkinson. O projeto Emma, como foi batizado, traz no próprio nome o seu principal motor: gente. Porque Emma é uma pessoa real, uma designer que já não conseguia mais desenhar devido à doença, e que inspirou uma pesquisadora a desenvolver um sistema para tentar controlar os movimentos involuntários de sua mão.

Para quem já atua na área de tecnologia ou deseja ingressar neste mercado, a história ajuda a entender o ponto principal da apresentação feita por Suelen Marcolino durante o PrograMaria Summit, de que conhecimento técnico não basta – a inovação só foi possível com uma boa dose de sensibilidade, parceria e humanidade. Suelen atua na área de soluções de talentos do LinkedIn e apresentou dados e estudos sobre o futuro (não muito distante) do trabalho. “Quem iria imaginar que mindfullness um dia estaria entre as habilidades esperadas dos profissionais?”.  

A área de TI é conhecida pela altíssima demanda e pouca oferta de pessoas, mas isso não isenta ninguém da responsabilidade de planejar sua carreira, levando em consideração não apenas a atualização e o domínio de ferramentas – que são, claro, importantes –, mas também as chamadas soft skills, ou seja, competências relacionadas ao comportamento. A imagem do desenvolvedor que não interage com a equipe e trabalha sozinho vai ficando cada vez mais obsoleta.

Suelen apresentou os resultados de uma pesquisa da WGSN com o Linkedin que apontou criatividade, colaboração, transparência e inteligência emocional como algumas das habilidades interpessoais mais importantes para o mercado de trabalho. Além disso, apontou a diversidade como tendência no mundo das contratações, proporcionando times mais produtivos, inovadores e engajados. O que o estudo mostra, afinal, é que quanto maior a utilização de tecnologias no ambiente profissional, mais relevantes são as habilidades humanas.

 

Para se ter uma ideia, em 2016, um relatório do Fórum Econômico Mundial estimava que o desenvolvimento da tecnologia levaria ao desaparecimento de mais de 7 milhões de empregos nos cinco anos seguintes. Por outro lado, a inteligência artificial deveria criar outros 2 milhões de empregos. O Fórum também prevê que 65% das crianças que estão na educação básica hoje terão empregos que ainda nem existem. A tecnologia já está substituindo as atividades humanas e isso vai continuar a acontecer, então precisamos nos tornar bons justamente naquilo em que somos melhores do que os algoritmos – algo que a educação formal ainda não compreendeu completamente.  

Durante a apresentação, Suelen Marcolino lembrou ao público que competiremos no mercado com os chamados “nativos digitais”, ou seja, pessoas que já nasceram em uma realidade cercada por tecnologia, e que a linguagem dos códigos em breve será tão fundamental quanto a alfabetização . Por isso, o momento é de identificar as habilidades que nos faltam e traçar um plano para alcançá-las.

“Precisamos correr atrás das skills que ainda não temos e ter coragem de avançar”, ela diz. Coragem porque essa busca envolve se arriscar em terrenos desconhecidos. Ela cita o caso de uma profissional de alta competência técnica, mas com dificuldades em se comunicar e que, depois de uma conversa, decidiu fazer um curso para apresentação de telejornal. Sua área não tinha qualquer relação com jornalismo, mas as aulas atacavam justamente o problema que ela precisava resolver para desenvolver sua carreira.