O MariaLab foi um dos vencedores do Prêmio Mulheres Tech Em Sampa, que contemplou também o curso Eu Programo, da PrograMaria. Entrevistamos a Carine Ross, uma das organizadoras do grupo para conhecer melhor seu trabalho!

A minha paixão por tecnologia e gênero fez com que aliasse naturalmente essas duas questões centrais na minha vida hoje.

Confira entrevista com a empreendedora Carine Roos, uma das organizadoras do MariaLab:

1) Como surgiu o Maria Lab e como atuam?
O MariaLab surgiu da vontade de ser um hackerspace feminista voltado para mulheres trocarem informações e conhecimentos sobre tecnologia. Uma vez que os espaços de tecnologia hoje existentes são predominantemente masculinos, entre eles os hackerspaces. A nossa atuação é por meio da promoção de oficinas e palestras para educar meninas e mulheres em eletrônica, programação, raciocínio lógico e tudo que complemente competências para que elas se sintam autônomas e seguras sobre o uso e desenvolvimento de tecnologias.

2) Nos últimos anos, a discussão sobre empoderamento feminino aumentou bastante, com vários grupos que falam sobre mulheres na tecnologia também. Você acha que avançamos na discussão? O que ainda precisa ser feito?

Eu acho que ainda temos um caminho longo pela frente que passa por educar meninas e meninos com seu pleno potencial, até mudança de cultura dentro das empresas de tecnologia. Além da educação e da mudança de cultura, acredito cada vez mais no modelo de impacto coletivo das iniciativas de mulheres na área de tecnologia, trabalhar de forma integrada e sistêmica para um impacto mais efetivo de mudança desse cenário.   

3) Quais são as críticas mais comuns que vocês recebem? Como avalia esse debate?
Já ouvimos muitas críticas que “estamos excluindo homens” das oficinas, criando silos e etc. Eu acho que esse tipo de crítica tem sido cada vez menor, talvez por já termos três anos de funcionamento e as pessoas estarem mais acostumada com o nosso funcionamento. Mas falta empatia e uma maior sensibilização e educação sobre equidade de gênero nas áreas de STEM.

4) Tem alguma história em especial que te inspirou?

Muitas histórias inspiram e fortalecem a gente. Desde meninas que já estão desenvolvendo seus projetos com Arduino a meninas que conseguiram consertar seus próprios computadores. Mas as histórias que mais têm me cativado são histórias de mudança de carreira/graduação para a área de TI depois de ter frequentado nossas oficinas e um contato maior com a comunidade. Mulheres que sempre tiveram habilidades para exatas, mas seguiram carreira de humas e agora seguem o caminho que no fundo eles tinham o interesse.

5) Como você começou a se envolver com a discussão de gênero na tecnologiaw?
Mesmo tendo me formado em humanas (sociologia e jornalismo) o meu engajamento com a tecnologia começou há 12 anos atrás com a mudança do governo Lula em Brasília. Naquela época comecei a ter contato com programadores, hackers, e todo tipo gente que estava repensando a atuação do governo com a tecnologia. A sociologia me deu “músculo” para pensar a desigualdade de gênero que vivemos hoje. A minha paixão por tecnologia e gênero fez com que aliasse naturalmente essas duas questões centrais na minha vida hoje. Depois de ter feito uma viagem em 2011 para conhecer hackerspaces na Europa (Metalab (Viena), C-Base (Berlim), Brmlab (Praga) e outros percebi que a questão da desigualdade de gênero era um problema global e a partir desse contexto global e no Brasil (São Paulo), surgiram as iniciativas como MariaLab e UP[W]IT.

6) Como fazer parte do Maria Lab?

Além da inscrição nas oficinas, temos a nossa lista principal de email (contato@marialab.com.br), nossos meetups para acompanhar os eventos (http://www.meetup.com/pt-BR/marialab/) e nosso grupo no Facebook que é bastante ativo (https://www.facebook.com/groups/marialab/)